quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Na calçada da vida...

Sentada na escada, em plena quarta-feira à noite, ela olha para a rua. Na calçada que dá acesso ao apartamento onde ela mora o “vai e vem” de pessoas repete o “vai e vem” de lembranças que passeiam dentro dela. Enquanto os olhos vêem fora, o coração sente dentro. A moça sente saudades.
Há anos ela saiu de Novo Mundo em busca de um mundo novo. Descobriu cedo que, na vida, são raros os que se realizam sem correr atrás daquilo que querem. Que não se pode esperar que os sonhos venham até nós. Normalmente eles adoram ser perseguidos.
Talvez seja assim que ela enxergue a vida. Como uma grande pista onde não fazemos outra coisa a não ser correr para chegarmos ao final.
O fato é que durante o percurso, é impossível não sentir saudades do tempo de preparação. Daqueles que nos treinam para essa maratona. Daquelas pessoas que nos enchem de carinho, amor, valores... itens essenciais para que sejamos eficientes nessa empreitada. Saudade também é isso: um sinal de que há amor em nós.


A moça sabe disso. Está ciente de que, apesar da saudade, é preciso seguir em frente.


Sentar na escada é apenas um descanso. Às vezes, é necessário. É como uma pausa na partitura, que deixa claro que a música ainda não acabou.
Por isso, se eu pudesse dizer alguma coisa para essa moça que sente saudade dos tempos em que era menina, eu repetiria as frases que Nelsinho Corrêa costuma cantar: “Só se tem saudade do que é bom. Se chorei de saudade não foi por fraqueza. Foi por que amei!!!”.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Eita cotidiano...

Estejamos cientes: Sempre vamos ouvir desaforos. O cara petulante, a moça mal-educada, o sujeito estúpido. No trabalho, então, isso é tão certo quanto o aumento do gás. Lidar com gente é uma arte que exige paciência, bom senso, e uma grande capacidade de auto-controle.


Por isso, quando perceber que seu ouvido está prestes a se tornar penico, se prepare.


Antes de mais nada... ouça em silêncio. Depois, conte até 10. Evite responder de imediato. Em seguida, filtre o essencial, junte o que não presta, e jogue na privada do esquecimento. Lembre-se que, por mais improvável que pareça, tem "cacas" que servem como adubo. Sempre tem alguma merda que nos ajuda a crescer.


Agora, respire fundo novamente e toque o barco. E jamais ignore esse "mantra". Até porque situações como essa vão se repetir sempre. Ah! Não se esqueça de apertar a descarga...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Contradições

Ontem, por volta das 15h00, dois rapazes bateram palma na porta de casa, em Jacarezinho. Eram Missionários da Juventude Mariana de Schoenstatt. Lucas veio de Ibiporã. Era alto, loiro, e também o porta-voz da dupla. Luan, de Guarapuava, era moreno, tinha orelhinhas de abano, e parecia ser a calma em pessoa. Em poucas palavras eles explicaram a que vieram. Foram chamados pelo Padre Celso, da Igreja São José Operário, para passar uma semana evangelizando todas as residências da paróquia. Ao todo eram 80 jovens das mais diversas localidades. Na comitiva havia padres, e seminaristas vindo do Chile. O trabalho incluía missas diárias em 4 bairros, palestras, gincanas, e orações.
Fiquei boquiaberto. Passei a minha adolescência e a minha juventude participando de Ministério de Música. Na época, era raríssimo passar um fim de semana em casa. E, de repente, eu me vejo ali, naqueles jovens,falando de Deus e lendo a bíblia. A Gisele, minha prima Especial, ganhou terço, folhetos, e adesivos. Passou o dia andando pela casa com os presentes. Deus nos visitou na tarde de ontem.
Agora, ao mesmo tempo em que fico emocionado de ver um padre convocando a juventude para trabalhar na messe, fico envergonhado em ver como outros tem o dom de afugentar fiéis da Igreja.
Não faz muito tempo, um dos padres da Catedral de Jacarezinho fez um apelo aos jovens. Eles precisavam de cantores, leitores, e de gente pra carregar os cestinhos no ofertório. Foi um apelo estranho. Era como se ele estivesse chamando a atenção dos jovens para que deixassem de ser irresponsáveis e participassem da liturgia. O que não está de todo errado. Mas é aí que vale a pena refletir um pouquinho.
O jovem, na maioria das vezes, é um ser ideológico. Ele se deixa conquistar por idéias, e ideais. Que idéia um padre passa ao povo, quando celebra a missa como se estivesse apenas cumprindo um compromisso de agenda? Que comprometimento ele espera do povo, se a vocação dele próprio parece um fardo que se empurra com a barriga? Porque é que o jovem vai se dispor a fazer uma leitura, se ele não consegue ver ardor na pessoa encarregada de explicar o que isso tem a ver com nossas vidas? Por que os jovens vão participar de uma paróquia onde eles não podem ser eles mesmos, e não recebem incentivo algum para prosperar? Onde o padre, a exemplo da canção de Daniel Poli, "se apega a uma única ovelha em seu rebanho, em vez de buscar as 99 perdidas"?
Não, não, não. Não são todos os jovens que estão insensíveis a Deus. São alguns dos ilustres pastores que se acomodam ao status que a função lhes dá, e apontam o pecado alheio como se não tivessem responsabilidade alguma. A Igreja tem como carisma a missão de buscar almas. E não a de esperar que elas venham por si só.
Padre Celso foi ousado. Trouxe 80 discípulos, e pediu que eles evangelizassem seu povo, pedindo que a própria comunidade os acolhesse. Isso é Igreja. Isso explica porque uma paróquia vive cheia, e outra vive pedindo para que os bancos sejam ocupados. Mais importante que uma festa de padroeiro no centro da cidade, é o espírito de missão que nos faz Igreja, sendo posto em prática.