segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Atacama


Dizem que a esperança é a última que morre.
Então provavelmente ela resista ao deserto de mim mesmo quando resolvo me transformar no Atacama.
Que assim seja.
Que ela seja como a praga que absorve as substâncias do veneno que lhe é dado e, rapidamente, produz anticorpos para combatê-lo.

Mas que ela faça isso por si só.
Quando me bate a aridez desértica, também não costumo oferecer condições para que nada se mantenha.
Por isso, tudo que quiser permanecer em mim terá de se adaptar ao meu clima volúvel.
Não mato nada. Apenas deixo de ter o cuidado para que continue vivo.
Faço de conta que isso não é uma forma de assassinato.

Nesse processo eu deixo de “ser”... passo a simplesmente “estar”.
Sim... é exatamente isso!
Um deserto não é nada! Talvez tenha sido um dia... ou talvez venha a ser...
Mas ele não é. Simplesmente está.
Nada nele é mensurado! Tudo é sem controle e intenso! A poeira, a aridez....
O calor infernal durante o dia... o frio glacial durante a noite!!
É... a esperança terá que ser versátil caso queira ficar.

Mas como posso eu falar do deserto sem nunca ter estado nele?
Sei lá! Ocorreu-me derrepente que é o mesmo que falar de mim.
Pois às vezes falo de mim com a impressão de que nunca estive em mim mesmo...
Mas, em todo caso.... que o ditado seja verdadeiro...
Que o deserto morra e a esperança permaneça!!!

08/10/2007

4 comentários:

tarciso disse...

não se preocupe, a esperança é camaleã e resiste a todas as intempéries...

Unknown disse...

N�o esquenta Bi, quem te conhece sabe fazer valer a pena andar por esse deserto...
e acredito que c tal ditado permaneceu tanto tempo pr a� � pq ningu�m conseguiu ainda provar o contr�rio, portanto acredito ser verdade...

Qro poder voltar sempre aqui afirmando o qto sou grata por conhecer-te ainda q em deserto.

Bjo grande no cora�o Bi!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Parabéns, belos textos!!