segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Decidi que vou me desarmar. Nada de cobranças, questionamentos, argumentos... Nada de palavras. Elas não se comparam à força dos atos. Muito menos servem para substituí-los. Vou me render. No duelo que travamos há mais ganho em perder do que em ganhar. E agora, mais do que nunca, eu quero ser vencido. Mas, por favor, nada de promessas ou qualquer coisa que se relacione à palavras. Vença-me sem dó. Vença-me com atitude...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

NATAL SOLITÁRIO...

O que fazer quando se está sozinho em casa em plena noite de natal?
Bom... confesso que não restam muitas alternativas. Os que amamos estão longe, os que nos amam não podem vir, e os que dizem nos amar simplesmente não vem por que não quer. Sobra a Missa do Galo. Meus companheiros na noite de 24 pra 25 de dezembro são cidadãos do mundo, desconhecidos, e sem qualquer vínculo afetivo comigo. Mas eles estão em casa e serão bem-vindos na tela da TV. Ouvirei atenciosamente as palavras de Bento XVI, as leituras e preces feitas em várias línguas, e as vozes do Coral da Capela Sistina. Vou rezar.
Pedir que nessa noite as pessoas se sintam consoladas, amadas, queridas, e lembradas. Ainda que estejam sozinhas. Que o amor próprio seja o bastante pra manter a vela da vida acesa em nós. E que o Menino Jesus nos abençoe. Feliz Natal!!!!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Rabiscos de Natal...

Joana andou cômodo por cômodo da casa onde mora na zona norte de Londrina. Olhou portas e janelas para se certificar de que tudo estava devidamente trancado. Só então entrou no carro lotado de malas. Uma só de presentes: Carrinhos, roupinhas, chupetas. Tinha de tudo.

Sabia que nada faltaria ao sobrinho que acabara de nascer. Certamente os pais já haviam cuidado de tudo. Mas quem ama não usa o amor de terceiros como parâmetro. Ama e pronto. Foi com essa convicção que ela pegou a estrada rumo à Jacarezinho, onde estava o mais novo membro da família.

Na noite anterior Felipe havia feito rigorosamente o mesmo que Joana antes de sair de casa. Aprenderam com a mãe que não deveriam dar bandeira ao azar. Mas, em vez de entrar no carro, o jovem de 28 anos arrastava as malas pela rodoviária de Curitiba. Teria apenas 2 dias pra ficar com a família e conhecer o sobrinho que, segundo diziam, era a cara dele. Mas pra ele o pouco tempo que passariam juntos era melhor que nada. Ele só queria estar junto da irmã e mostrar que, apesar da distância, o amor os unirá sempre.

Não sei ao certo que nome escolheram para o sobrinho de Joana e Felipe. Na verdade não pensei nisso. Não achei importante. Mas... sei lá. Talvez pudessem chamá-lo de "Jesus". Porque, quando celebramos o nascimento de Jesus, é exatamente isso que acontece: Aqueles que se amam, se juntam. Saem dos mais distantes e deiferentes lugares para se reunir e festejar. É nessas horas que fica claro que a solidão é algo inadmissível para o amor. E a companhia daqueles que amamos é, sem dúvida, o melhor presente.

Por isso, para aqueles que vão se juntar no natal e viverem o pleno sentido da data, meus votos de felicidades.

E para aqueles os que passarão o dia sozinhos, assim como eu, coragem. Já dizia o poeta que é na solidão que se valoriza a presença.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Absurdo...

Todas as vezes que viajar pra Brasília o prefeito de Umuarama receberá uma diária de 990 reais. O mesmo vale para o vice-prefeito. O projeto foi aprovado na Câmara Municipal em sessão extraordinária. A maioria dos vereadores chegou a conclusão de que 600 reais por dia não era dinheiro suficiente para que os líderes do executivo pudessem arcar com as despesas de hospedagem, alimentação, e transporte na Capital Federal.
- As coisas são muito caras! Principalmente em Brasília - disse a vereadora Maria Roque Simões, do PMDB.

Mas isso não é tudo. O projeto prevê ainda diárias de 750 reais pra viagens feitas à Curitiba, e cidades que ficam a mais de 200 quilômetros de Umuarama. Antes o valor dessas diárias era de 450 reais. O vereador Osni Miguel Santana (PV) que votou contra a medida, considera o aumento um exagero.
- Isso pra mim configura enriquecimento ilícito. Por que estão usando do artifício da diária pra terem aumento de salário - disse o vereador.

Em Maringá o prefeito recebe 480 reais para viagens à Brasília e 380 para capitais de grande porte.
Em Londrina o prefeito não recebe diária para viagens. Ele pode até pedir um adiantamento de despesas. Mas, na volta, tem que prestar contas do que foi gasto com hospedagem, alimentação e transporte. Em Brasília, a diária dos ministros do governo variam entre 450 a 590 reais.
Também pesquisamos o preço da diária em alguns hotéis.
Um apartamento de solteiro com televisão, ar-condicionado e frigobar num hotel 3 estrelas de Brasília custa 170 reais a diária.
Em Curitiba, num hotel 5 estrelas, um apartamento - com sala, quarto, banheiro, cozinha, frigobar, e micro-ondas - pode ser encontrado com diárias à partir de 177 reais.
De acordo com Procuradoria do Município o prefeito de Umuarama não será obrigado a prestar contas de como gastou o dinheiro das diárias, e nem vai precisar devolver aos cofres públicos o que sobrar da viagens. Agora, o que a população não entende é como o prefeito vai conseguir gastar em um dia, mais do que muitos trabalhadores recebem no mês.

domingo, 27 de setembro de 2009

Atitude...

É bíblico. No livro de Gêneses, Deus disse a Abraão: “Sai da tua terra, do meio dos seus parentes, e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei”. (Gen 12,1).
Não à toa, Abraão é considerado o Pai da Fé. Todo o povo judeu descende dele. Deus prometeu a ele uma imensidão de território. E assim foi. A única garantia que lhe foi dada foi a Palavra de Deus.
Mais um pouco de Bíblia. No livro do êxodo está escrito que os Judeus haviam sido libertos do Egito depois um grande período de escravidão. Ficaram 40 anos perambulando pelo deserto. Quando conseguiram ver a terra de onde foram levados, viram também que o território havia sido ocupado pelos filisteus e precisava ser reconquistado. Moisés tinha acabado de morrer. E diante do grande desafio, o novo líder, Josué, ouviu a seguinte ordem de Deus: “ Sou Eu que estou mandando que você seja firme e corajoso. Portanto, não tenha medo porque Seu Deus estará contigo onde quer que você já!” (Jos 1,9).
Em comum nas duas passagens citadas acima: o desafio da conquista, e a necessidade da coragem.

Abraão poderia muito bem dizer a Deus: "Não vou. Quero ficar aqui em Ur, com meus pais. Aqui tenho conforto, tenho os meus próximos de mim. Não pretendo trocar o certo pelo duvidoso. Tenho medo."

Da mesma forma Josué poderia argumentar: "Mas, Senhor! Temos mesmo que entrar em conflito com esse povo? O Senhor não poderia, simplesmente, fazer com que eles saíssem de nossa terra? Tenho medo!"

Felizmente não cometeram esse erro. Perceberam que toda a ação de Deus pede uma contrapartida do homem. Perceberam que é preciso sair da zona de conforto, fazer escolhas. Fazer renúncias. É preciso maturidade para nos apossarmos da promessa.

Sei lá. Acho que somos muito medrosos. Queremos saber exatamente onde as coisas vão dar, como se soubéssemos do amanhã. Elevamos o medo ao status de inteligência e nos esquecemos de viver. O que você espera para assumir seu papel e traçar o rumo da sua vida? Até quando nos esconderemos atrás das incertezas do futuro em vez de reconhecermos urgência de conjugarmos o verbo "agir" na primeira pessoa? Acho que é o Augusto Cury que costuma escrever: "precisamos ser os protagonistas no teatro da nossa existência".

Enfim... passou da hora de entrarmos em cena. Somos o que vivemos, e não o que planejamos. Somos verbos, e não substantivos.





terça-feira, 22 de setembro de 2009

40 minutos...

Na cidade de Jacarezinho, norte do Paraná, houve um tempo em que a fé movia montanhas. Hoje isso não acontece mais. É o cronômetro que move a fé.

Por causa da nova gripe foi determinado que as missas tem que ter, no máximo, quarenta minutos de duração. Isso quer dizer que, o fiel que vai pra Igreja com o pensamento na Patrícia Poeta pode ficar tranquilo. Ele vai chegar em casa a tempo até de assistir as vídeos cassetadas e dar boa noite pro Faustão. A ordem de se realizar "missas relâmpagos" fazia parte de um decreto da prefeitura, que já foi revogado. Ainda assim, algumas paróquias continuam seguindo as orientações. Eu não acreditaria se não tivesse visto.

Na catedral o Padre reza a missa como se narrase um jogo de futebol. Em vez de dizer "amém" eu quase gritei "gol". Parte das músicas que se ouvia normalmente, agora foram simplesmente descartadas. Se bem que isso não é de todo ruim. Já que as músicas são as mesmas há 400 anos, o silêncio soa até como acorde de bom grado.

O sermão também encurtou. Nada de muito ensinamento. Agora as palavras formam apenas uma "sinopse" com a idéia central procalamada de domingo a domingo: "Deus não exclui ninguém. Ele ama e acolhe a todos...".

Mas é bom que fique claro. Só Deus pode acolher a todos. As pessoas não podem acolher, nem saudar umas as outras. Isso porque o abraço da paz também é coisa do passado. Afinal, é perigoso você desejar a paz. Corre o risco de transmitir a gripe e o descanso eterno. E também perde-se muito tempo fazendo isso. Afinal, pra que saurdarmos os outros? Não é importante. Ainda assim é preciso tomar cuidado. O ambiente não tem calor humano. Agora o que já era frio ficou gélido. E sabe como é, né? Ficar na friagem pode dar resfriado.

Enfim. Depois dos 40 minutos de Missa, aqueles que não vão pra casa assistir ao Fantástico, se aglomeram todos numa pizzaria, numa lanchonete, ou numa sorveteria. Ficam horas juntos. Nesses lugares o vírus não chega. As pessoas podem ficar ali o tempo que quiserem. O tal do HN1 gosta mesmo é de missa. Mas de missa curta. Passou de 40 minutos o vírus fica nervoso, e sai pegando todo mundo.

Ainda bem que perceberam isso...

domingo, 6 de setembro de 2009

Nada com nada...

Há certa antipatia entre mim e o segredo. Não nos gostamos. Vivemos naquela loucura: Eu tentando desvendá-lo, e ele se escondendo de mim. É como se fosse uma briga de gato e rato. Na verdade tenho medo de segredos. Sempre me dão a sensação de que, no lugar aonde eles chegam, a confiança morre.
Sei lá. Talvez eu esteja errado. Talvez tudo isso seja apenas uma justificativa para a minha curiosidade. Mas acredito, sim, que segredo e confiança são incompatíveis. Principalmente num relacionamento. Aquela coisa de cartas na mesa e jogo limpo é a saúde da boa convivência. Nada melhor do que poder ser a gente mesmo sem ter que se preocupar com isso. Sem máscaras, sem ter o que esconder. Um dia, na Igreja, ouvi dizer que Deus sabe todos os nossos segredos. Até mesmo aqueles mais ocultos. Sabe dos nossos pensamentos e sentimentos. Enfim... como diz o Salmista, Ele nos sonda. E certamente é por isso que Ele nos ama tanto. Ele nos conhece. Não se pode amar o desconhecido. Portanto, quanto maior a vontade der ser amado, tanto mais importante se deixar conhecer, falar de si, esquecer segredos. Na vida real, o mistério não faz parte do amor. Amar é revelar-se...

sábado, 4 de julho de 2009

Valores, Conquistas e perdas...

O valor é algo determinado pela acessibilidade. Quanto mais difícil de se conseguir, mais valorizado será. Na economia funciona assim, nos estudos funciona assim, nos relacionamentos também. Tem coisas que não são meramente compradas ou adquiridas. Tem coisas que precisam ser conquistadas. Pode parecer a mesma coisa, mas não é. Conquista é processo constante de lutar por algo. E só faz isso quem não perde de vista o valor do que se busca. Só chega lá quem valoriza o que quer, ou o que já se tem. Isso mesmo. A conquista não apenas serve para obter, mas também para manter.
E é essencial que seja assim para os que já tem um bom emprego, uma boa vida, um bom relacionamento. Porque aqueles que desconhecem o esforço constante da consquista, acabam conhecendo a facilidade da perda.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Companhia Solitária

Às vezes, quando a solidão estende a mão, o melhor a fazer é aceitá-lá. Pode ser que, naquele instante, ela seja a única disposta a lhe fazer companhia. E aí você não estará completamente sozinho!!!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Vivendo...

Perceba que suas atitudes são reflexos de suas expectativas. É uma relação de causa e efeito. Coisa que, certamente, traz transtornos às vezes. Mas... haverá uma maneira de se acabar com isso quando a situação não for conveniente? Talvez. Deixar de ter expectativas, por exemplo, seria uma forma de anular o efeito cancelando a causa. Um jeito meio "oriental" de se pensar. Os budistas acreditam que todo sofrimento vem do desejo. Pergunte a eles como parar de sofrer e responderão prontamente:
-Oras... deixe de desejar!!!
Dizem eles que funciona! Agora se vale a pena eu não sei. Melhor não criar expectativas.
Tudo que sei é que nem sempre o erro está nos outros... Mas naquilo que esperamos deles!!!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Passado... presente... futuro...

Perceba que aqueles que se tornam escravos do passado, se apavoram com o futuro e ignoram o presente. Esquecem-se de que o Passado não tem por hábito visitar nossa sala de estar sem que o convidemos. Mas, uma vez acomodado, de lá não sai sem que o retiremos. Nem tudo que já vivemos na vida é bem-vindo na mesa do Agora. Há fatos que tiram o apetite do momento, insistem em chamar a atenção para si. Querem permanecer e reger a história como se ela não precise ir adiante. Nos fazem perder tempo.
É preciso ter consciência de que o Futuro está atrelado ao Agora. Tudo o que eu tenho está no Hoje. Esquecê-lo para ruminar as mágoas vividas e tentar, em vão, antecipar as vindouras é um convite à apatia e uma convocação à depressão. O presente é o único tempo a se conjugar de maneira efetiva na vida.
É uma questão de foco, de maturidade. E dentre outras coisas, a maturidade consiste em saber que mudar o rumo da minha história depende de mim. E que só disponho do hoje para fazer isso.

sábado, 16 de maio de 2009

vida...

E a vida segue com um certo excesso de si mesma. Desmedida, intensa, intransigente. Não pensa nos pobres viventes que por ela passam. É bela, mas egoísta.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Negritude...

Hoje as escolas se mobilizam para trazer ao conhecimento dos alunos uma data histórica. Comemora-se a abolição da escravatura. A princesa Isabel é apresentada como um exemplo de fraternidade ao assinar a Lei Áurea e por fim a um período terrível da nossa história: O da escravidão legalizada. Sinceramente nunca vi motivo pra comemorar a data. Historicamente todos sabem que os negros foram libertos porque não poderia ser diferente. Houve pressão de países como a Inglaterra e tudo o mais. Interesses econômicos, e não fraternos, fizeram com que assim fosse. Esses dias recebi um questionário de uma estudante de jornalismo que mora em Londrina. O Trabalho de Conclusão de Curso dela tinha como tema “O Negro no Jornalismo”. Talvez alguém se interesse pelo bate-papo virtual:


1) Conte-me um pouco sobre sua experiência profissional: ( coloque quando se formou, onde (universidade), idade (se possível) e onde trabalha hoje)

Meu nome é Fabiano Augusto de Oliveira Silva. Tenho 24 anos e sou natural de Jacarezinho-PR. Formado pela Faculdade do Norte Pioneiro – FANORPI, de Santo Antônio da Platina, em dezembro de 2006. Em abril de 2007 fui Trainne da Rede Paranaense de Televisão (RPC) em Curitiba. Depois fiz free-lance como repórter para a Editora IBPEX, também de Curitiba. Cobri férias por 3 meses na RPC/Londrina, e há 7 meses sou repórter da RPC em Umuarama.


2) Por que você se interessou pelo jornalismo ?

Sempre gostei muito de história. Mas também sempre gostei de vê-la acontecer no dia-a-dia. Acho que isso faz com que eu goste da definição do jornalista como “historiador do presente”. Gosto do gênero humano, de sua complexidade e da forma como se deixa influenciar pelas novidades do dia-a-dia.

3) Como o Jornalismo contribuiu em sua formação crítica sobre a realidade social do Brasil?

O jornalismo tem me ensinado a ler nas entrelinhas. A “ouvir” aquilo que não é dito, mas que os fatos evidenciam. Num primeiro momento ele me deu um idealismo muito grande quanto ao desejo de justiça, de fiscalizar o poder público para o bem da sociedade. Depois me deixou um tanto descrente, ao perceber que, muitas vezes, a mídia é parte da trama que faz com que as coisas estejam como estão. Finalmente, num terceiro momento, concluí que sem idealismo a profissão de jornalista perderia sua razão de ser.


4) Você teve alguma dificuldade para concluir seus estudos? Qual?

Ah sim!! Até parece clichê, mas houve a dificuldade financeira. Filho de vendedora de loja, doméstica, e desempregado na época em que comecei a fazer a faculdade, o que fiz foi uma aposta com o destino. Consegui terminar a faculdade. Mas o desafio ainda continua.

5) Você já sofreu algum tipo de preconceito, antes ou depois se tornar jornalista? Qual?

Sim. Muitas formas de preconceito ao longo da vida. Curiosamente, na faculdade, eu não dei de cara com o preconceito. Ele era sutil. Não me olhava nos olhos. Eu o percebia na forma como as pessoas se dirigiam a mim, às vezes, quando precisavam discutir a realidade brasileira. Não sabiam como abordar o assunto negritude perto de mim, o único negro da turma. Tinham medo da minha reação. Depois da faculdade, como jornalista, também não vi o preconceito como costumava ver. Às vezes o percebia no receio das pessoas, no olhar desacreditado no fato de você se apresentar como jornalista. Mas eram muito sutis.


6) Você acredita que a cor pode influenciar na posição social do individuo?

Certamente. Em Curitiba, por exemplo, são comuns anúncios que especificam que as candidatas para recepcionistas ou secretárias sejam loiras. Há um estereotipo definido. E o negro, para obter uma posição igual ao do branco, deve possuir uma capacidade muito maior intelectualmente ou comunicativa, pois no quesito cor de pele ele é visto como fora do padrão.


7) Qual a sua opinião sobre a presença do negro na mídia? tanto em participação, quanto na forma como veicula a imagem dele?

Houve uma melhora. Uma melhora longe de ser a ideal, mas houve. Alguns veículos de comunicação parecem acordar aos poucos. Sobretudo no que diz respeito à identidade do Brasil. É possível encontrar jornalistas negros em grandes veículos de comunicação. Atores em papéis que não se resumem aos estereótipos de padre, policial ou doméstica. Mas ainda falta muito. A proporção de negros no Brasil em relação aos negros atuando na mídia ainda não traduz a multiplicidade racial brasileira.

8) Na sua opinião o que justifica a ausência do negro (jornalista) na mídia?

A falta de oportunidades em todos os sentidos. Poderíamos enumerar a educação, a situação financeira do afro-brasileiro, e o próprio preconceito. Não há um fator predominante, uma vez que estão todos ligados um ao outro. Por exemplo, o negro não pode estudar por que é pobre. No meu primeiro ano de faculdade, havia uma negra na sala. Ela precisou sair da faculdade para trabalhar de doméstica no Estado de São Paulo. A falta de referências aos negros também influencia. Alguns possuem uma auto-estima muito baixa. Mas isso não é problema apenas dos negros. E sim das pessoas menos favorecidas, de modo geral.


9) Para você como funciona o preconceito Brasileiro?

No caso do preconceito contra o negro, ele se esconde por trás do mito da Democracia Racial. De um modo geral, ninguém nega a importância do negro na sociedade brasileira. Mas parece haver um consenso de que algumas coisas não são coisas que um negro deva ou possa fazer. É estranho. Nos Estados Unidos, por exemplo, há um racismo evidenciado e declarado. Mas ainda assim parece ser o melhor lugar para um negro viver. O inimigo (o preconceito, no caso) é visível. No Brasil não. Talvez por isso seja comum ver negros passivos, conformados. O medo de lutar colabora para a existência do mito.


10) O que, na sua opinião, pode ser feito para mudar esta realidade?

Tudo começa com uma auto-afirmação. Um amor por si mesmo que, consequentemente, faz com que a luta pela igualdade de condições apareça. Aqui não incluo só o negro. Até porque não podemos pensar que resolver o problema do negro equivale solucionar o problema do Brasil. Incluo os pobres, os idosos, os homossexuais, os indígenas, etc. Sem o conhecimento de si mesmo, de sua história e de seus direitos, nada pode ser feito. Sei que parece um tanto romântico e utópico isso. Mas perceba que onde as coisas são um pouco melhores que aqui, é exatamente isso que acontece.

11) Você acredita que o preconceito pode um dia tornar-se algo do passado?

Acredito que podemos mudar o conceito. O conceito de que o negro é inferior, incapaz. É só o negro parar de se ver assim. Agora, de um modo geral, vejo o preconceito como uma característica do ser humano. A mania de antecipar um perfil daquilo que ainda não conhecemos – que é minha definição de “preconceito” - não acabará jamais.

12) Como você vê a questão de cor (raça) ser uma questão de classificação em vestibulares, por exemplo?

Acho que é dizer sim ao preconceito. É como se o negro não fosse capaz e por isso lhe reservassem uma vaga no banco universitário. Há uma deficiência, sim. Mas ela não é do negro, ela se reflete nele. A deficiência é do sistema. As vagas são reservadas, os negros entram nas faculdades, e o sistema continua deficiente. Em minha opinião é legalizar um racismo às avessas. Uma espécie de hipocrisia histórica.

13) Qual a relevância de estudar a presença do negro nos diversos segmentos da sociedade atual, incluindo a presença do negro no jornalismo?

Antes de tudo o conhecimento. Fica mais difícil fazer de conta que determinada realidade não existe, na medida em que seu conhecimento é disseminado. Depois o conhecimento se torna subsídio para as cobranças. Para a “atividade”. Quanto à presença do negro no jornalismo, isso é excepcional. Pois trata-se de um modo diferente de abordar os fatos sociais. Um modo de perceber o preconceito que muitos desconhecem, simplesmente por não serem negros e não o terem sentido.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

avulso...

Sento-me diante do computador e vou vomitando as palavras. Não escrevo para que comentem, nem para impactar. Escrevo pela simples sensação de desabafo.

É estranho. Mas às vezes eu encontro consolo nas palavras. Um consolo sem dor, uma paz não precedida de conflitos, uma conversa sem voz. O fato de lerem o que escrevo é secundário. Tanto é que pouquíssimas pessoas visitam meu blog. Melhor assim. Também são poucos os que me conhecem.

Escrever é uma forma de permitir que minha alma fique entreaberta. Não quero que ela se feche. Quero que me olhem e possam ter uma noção de quem sou, do que quero, no que acredito. Não deve haver mistérios demais na personalidade humana. Deixar-se conhecer é sublime, é divino.

Enfim... posto no blog para me abster do egoísmo. Ter a si mesmo como finalidade última de tudo é a maior das pobrezas da alma. Quero a riqueza da convivência, o diamante da partilha, o passaporte para o acesso do que sou.

Quero ser eu mesmo sem ter que privar ninguém disso.


sexta-feira, 17 de abril de 2009

Tezza

Foi em setembro do ano passado. Eu estava em Curitiba cobrindo férias e tinha acabado de sair da Faculdade de Belas Artes do Paraná quando recebi um telefonema da redação.

- Fabiano! Precisamos fazer uma entrevista com o Cristovão Tezza. Ele está concorrendo ao prêmio Jabuti de literatura, na categoria de melhor romance, com o livro "O Filho Eterno".

- Cristovão "o quê"? - Perguntei completamente fora de órbita, e confessando minha total ignorância.

- Tezza. T. E. Z. Z. A. Tezza! Entendeu?

- Entendi, sim. Passa o endereço dele que a gente já segue pra lá.

Somente quando desci do carro é que me dei conta de que eu estava "pelado". Não sabia absolutamente nada sobre o cara. Apenas que ele era um catarinense radicado em Curitiba e que estava concorrendo a um importante prêmio literário. Foi munido de "todas" essas informações que eu toquei o interfone do condomínio. Uma voz tímida e calma me atendeu do outro lado da linha. Era ele. Diferentemente de muitos admiradores de sua obra, meu primeiro contato com Tezza não foi através dos livros dele, e sim da sua voz.

O homem de estatura mediana, cavanhaque, e olhos um tanto grandes parecia simpático. Abriu a porta apressado. Como quem tivesse mil coisas pra fazer ao mesmo tempo. Pediu que ficássemos à vontade e correu pra dentro. Tinha que atender o telefone que não parava de tocar.

A sala de estar era modesta. Uma mesa, cadeiras, e algumas poltronas. Mas o que mais chamava a atenção eram os livros espalhados por todo canto. Os Irmãos Karamazov dividiam espaço com Dom Casmurro como se a Rússia fizesse fronteira com o Brasil, e Machado de Assis fosse vizinho de Dostoievski. Tinha também Platão, Goethe, Drummond... a lista seria maior se o escritor não retornasse apressado no exato momento de minha contemplação.

- Tem sido assim nos últimos dias - Disse ele. Sem conseguir esconder que estava um pouco sem jeito o assédio - E então? Como vai ser a entrevista?

Enquanto o Gil regulava a câmera, e o Júlio colocava o microfone de lapela no escritor, eu tentava descobrir um pouco mais sobre Cristóvão Tezza. Descobri que ele era professor de literatura na Universidade Federal do Paraná, tem obras lançadas na Espanha e Portugal, e escrevera "O Filho Eterno" inspirado no filho que é portador de síndrome de down. Além disso seus textos podem ser vistos semanalmente no jornal "Gazeta do Povo".

Eu não sei se eram os olhos grandes dele, mas Tezza me parecia assustado. Cheguei achar que talvez aquele homem não tivesse noção de que se tornara uma referência literária em todo país. Depois mudei de idéia. Seria como subestimar a inteligência dele. O escritor começou a entrevista um pouco tímido. Mas Tezza foi ficando teso ao perceber que toda a conversa girava em torno de sua obra. Falou com propriedade; como progenitor de uma obra que certamente contagiará os leitores mais afoitos.

A única coisa que me deixou triste é que achei que ele me daria um exemplar do tão badalado livro. Cheguei a imaginar a cena. Um pequeno devaneio:

- Olha. Eu agradeço a entrevista e gostaria de presenteá-los com meu livro. Espero que gostem. Vou até autografá-los. Como é mesmo seu nome? Cristiano, né?

Mas não rolou nada disso. Tudo que me foi dado foi a oportunidade de folhear o livro. Não tem problema. Afinal, a leitura no Brasil precisa ser incentivada. Compremos livros, minha gente. Na semana passada comprei meu exemplar de "O Filho Eterno". A obra não só ganhou o Prêmio Jabuti de literatura, mas ganhou também: Prêmio Portugal Telecom, Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) - melhor obra de ficção, Prêmio Bravo - Livro do Ano, 1º lugar Prêmio São Paulo de Literatura - Melhor livro do ano 2008, e por aí vai.
É uma baita obra. Boa leitura pra mim. Parabéns, Cristovão Tezza.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

ovo...


E qual o sentido de se comer ovo de chocolate na Páscoa? Não sei ao certo. Sei apenas que há um motivo, uma explicação. Eu poderia, nesse exato momento, dar uma pausa no texto aqui e pesquisar no google algo sobre isso. Certamente a postagem ficaria mais "cult", mais requintada. Mas como aqui não é nenhuma fonte de pesquisa, prefiro falar do que acho sobre o assunto. Leia se quiser.

Pensar no ovo como um prenúncio da vida talvez faça com que a páscoa tenha esse belo sentido metafórico.
Dentro do ovo há vida. Ela ainda não é visível. Mas está lá. E fazer com que a vida saia da casca pronta para se deixar consumir pelo tempo depende da forma como o ovo é aquecido. Exige tempo, dedicação, paciência, zelo. Chegue perto de uma galinha choca e entenderá bem o que é isso. A Páscoa é a fertilidade vindo à tona depois de ter sido "chocada" pelas intempéries da vida. Pelas dores, sofrimentos, tombos, atitudes, e situações que mexem conosco de tal forma que não há outra coisa a fazer a não ser recomeçar.

A imagem do ovo também me traz à mente a atitude do cara que não soube lidar com as amarguras do dia-a-dia e se fechou numa casca, numa redoma. Resolveu preservar a vida. Esqueceu que vida que passa intacta é a contrariedade sem sentido. Vida boa é a que se consome. É aquela que passa o tempo necessário dentro do ovo, mas que reconhece que uma hora é preciso romper com a casca e ganhar o mundo. É a que recomeça depois das decepções, das lágrimas, das expectativas não superadas. É a que ressurge quando todos já a julgavam morta.
Vida boa é a que vive uma páscoa constante. Não se prende a calendário. Mas, unicamente, à vontade de viver e de recomeçar depois das quedas.
Que seja assim pra todos nós!!! Feliz Páscoa!!!

domingo, 29 de março de 2009

...

Tem dias que queremos ser "supers". Super-homem, super-filho, super-namorado, super-tudo. Solucionar todos os problemas e superar todas as expectativas. Mas hoje não estou a fim disso. Quero aproveitar meu resto de domingo e reconhecer minha condição de simples mortal. Fazer com que meu heroísmo se resuma em cortar as unhas dos pés, fazer a barba, ir à missa, e espremer os cravos da alma. Vou me conformar em contemplar minhas limitações, identificar minhas falhas.
O espelho será meu iterlocutor. Talvez me fale sobre verdades escondidas, feridas camufladas, respostas indizíveis. É o que acontece quando se busca intimidade. Procura-se o que as palavras não dizem mas os atos denunciam.
É como se fosse um exame de consciência. Saber fazer bom uso da solidão. Sim. É exatamente isso: Aproveitar o tempo em que as pessoas nos abandonam entregues a nós mesmos e crescer. Crescer enquanto as pessoas se ocupam do ofício do egoísmo. Do excesso do amor próprio, que faz tão mal quanto a falta do amor. Crescer quando tudo converge para que a depressão se aloje, a tristeza encontre espaço, e a chateação se instale. Crescer com a consciência de que cada um de nós tem o "Eu". Uma ótima companhia quando se deixa conhecer.

sábado, 28 de março de 2009

Sinônimos



Prometi a mim mesmo que se achasse algo que escrevi durante a adolescência eu iria postar no blog. Obviamente não se trata de uma "publicação", já que quase ninguém visita meu cantinho. Fato que me dá uma certa liberdade. Mas vou postar justamente pra que eu possa ter um arquivo virtual disso. De antemão peço desculpas pela ingenuidade do texto. Embora eu sinta falta dessa época... da ingenuidade da vida. Segue abaixo os versinhos quase infantis...



Falar de amor já é poesia

A arte de transformar a tempestade em maresia

Sim! Pois o que é o amor senão um tufão em nosso ser?

Chuva que rega os corações

e faz brotar todo o afã

É poesia de Camões... é música de Djavan





Poesia é viver contigo uma história mais bela que os mitos... musa dos meus escritos.

E nossas vidas, um só verso no universo,

pelo tino do destino se faz içar... quiçá



E então aspiro à poesia

E digo nos versos ainda anônimos: Aspiro a você

Pois você e a poesia são sinônimos!!!

segunda-feira, 23 de março de 2009

Sertanejo

Quero começar citando o trecho de um dos grandes clássicos da música sertaneja: A Boate Azul. A letra diz: “a dor do amor é com outro amor que a gente cura...!!!”.

Discordo por completo. A dor do amor se cura é com amor próprio. Não queira que uma outra pessoa faça por você aquilo que só você pode fazer por si mesmo. Não seja egoísta. Quando você se relaciona com outra pessoa, saiba que ela quer pra ela a mesma atenção que você quer pra si. Ela espera reciprocidade, e não uma via de mão única. Não há relação que dure quando um só dá, e não recebe. E quem quer curar a dor do amor quer apenas receber do outro, como se ele fosse um remédio. Não tem o que dar.


Parece mentira. Mas poucas pessoas se dão conta de que uma relação madura é aquela em que não é preciso cobrar atenção nem cumplicidade. Em que a conversa é tão necessária quanto os beijos, abraços, e carinhos. O amor só se torna cura quando não é visto como remédio, e sim como o amor em si mesmo. Não é por acaso que Kalil Gibran escreveu que o amor se basta.


Tudo bem... mas o que o trecho da “boate azul” tem a ver com isso? Tudo.


Querendo, ou não, trazemos conosco resquícios de nossos relacionamentos passados. Traumas, medos, hábitos, expectativas...


Criamos bloqueios, firmamos conceitos. Somos a soma dos nossos casos antigos. E aí, quando nos envolvemos com outra pessoa, vemos que não somos tampa de panela de ninguém. Isso é lenda. Na prática eu tenho que me moldar ao outro e o outro tem que se moldar a mim. Somente através desse esforço será possível que haja o “nós”. Caso contrário a relação é apenas uma mera conveniência, em que os pronomes continuam no singular: Eu e Tu. Estar realmente aberto pra alguém implica superar os traumas passados, os medos antigos. Estar realmente aberto a alguém é se permitir partilhar, conviver, conhecer. E essa é a atitude que só a pessoa pode tomar.

E o que é que determina isso? O tempo? A intensidade do sentimento? Acho que nem uma coisa nem outra. Certamente isso tudo ajuda, mas não determina. Acredito que essa abertura tem mais a ver com caráter e sinceridade consigo mesmo do que qualquer outra coisa.


E como comecei com música, encerro com Almir Sater e a sabedoria cabocla: "Ando devagar porque já tive pressa... e levo esse sorriso porque já chorei demais!!!"







sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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"Tem piedade de mim, Senhor! Aqui estão, não escondo as minhas feridas: tu és o médico, eu o doente; tu és o misericordioso, eu o miserável... Cada esperança minha se coloca na tua grande misericórdia". (Confissões, Livro X, 28.29; 39.40).
Os textos de Santo Agostinho sempre me fascinaram. Eles expressam uma sinceridade que desnuda o homem por trás do bispo. O ser humano por trás do santo. Agostinho vivia o tempo todo lutando contra as fraquezas que o afligia, tinha consciência de sues limites. A história dele fez com que eu mudasse meu conceito de ser humano. Ser “pessoa” dá trabalho. Há momentos em que a nossa humanidade se faz demasiadamente humana e encontramos em nós uma fraqueza que não parece ser nossa. É quando nos deparamos com a realidade de ser o que se é.
Eu, vez ou outra, me deparo com o medo. Pode até parecer uma simples figura de linguagem, ou um pleonasmo, mas não é. O medo me amedronta. Tenho medo de não ser últil para aqueles que amo. Acredito que somos aquilo que deixamos como marcas na vida das pessoas e temo não conseguir deixar nada de bom. Tenho medo de falhar justo na hora em que alguém precisar do meu sorriso, do meu afeto, do meu abraço. Tenho medo de passar em branco.

Na verdade, além disso, acho que tenho medo de não me sentir amado. Por isso aflora em mim esse desejo agudo de amar, e de que me deixem fazer isso. Não se invade corações. Trata-se de território sagrado, envolto em mistérios. Lugar onde nem mesmo Deus ousa entrar sem permissão. Dizem que o coração é uma porta que tem apenas uma maçaneta, e do lado de dentro. Só você pode abrir o seu. Só você pode superar os traumas que o trancafiam e se abrir para o outro. Afinal, deixar que o outro lhe seja útil é uma forma de se deixar amar. E deixar-se amar também é uma forma de retribuir amor.

domingo, 18 de janeiro de 2009

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Ontem eu vi uma frase maravilhosa: "Para estar junto não é preciso estar perto... e sim do lado de dentro".
Pode até ser que seja verdade. Mas eu sinto necessidade de estar perto. Quero estar do ladinho.

Hoje volto pra rotina de trabalhos que me aguarda em Umuarama. Volto com o coração apertado. Deixo um pedaço de mim. Ela o tomou para si. Não pude reter. É dela. Pertence a ela porque ela conquistou. Eu sou todo dela. Penso nela a cada instante, a cada segundo, a cada nascer e pôr do sol. E se tem uma coisa que motiva a cada dia que passa, é a vontade de voltar pra ela como se nunca tivesse que ter me separado.
Só assim consigo seguir...

Mentiras de Amor

- Cara!! Foi uma mentirinha de nada! Ela não precisava ficar daquele jeito!!!
Foi a desculpa do colega quando me contou sobre o fim do namoro. Só porque ele quis provocar um "ciumínho". Como ele mesmo afirmou.
O ciúme é um pouco como a gripe. Uma hora ou outra ele chega. Não é coisa que precise ser provocada.
Não foi o primeiro amigo que terminou um relacionamento por conta disso. Tive outros. Achavam-se espertos. Exímios provocadores de ciúmes. Mas a gripe virou pneumonia. E todos sabem que pneumonia pode matar.
Normalmente acontece quando o sujeito se encontra num dilema. Quer saber se a namorada realmente o ama, e qual é o tamanho desse amor. Uma mistura de carência com insegurança. É aí que ele tem a espetacular idéia de de testar o amor da parceira.

- Sabe a Júlia? Aquela que era minha namorada quando a gente se conheceu? Ela me procurou. Disse que não consegue viver sem mim. É mole?

É bom ressaltar que Júlia, a ex-namorada, não quer vê-lo nem pintado de ouro. Não se falam há meses. Mas ele sabe que a atual morre de cíumes da ex.

- Quem essa galinha pensa que é? - grita ela - Ela não sabe que estamos juntos? Não poderia ao menos respeitar nosso namoro?. Olha... eu não admito esse tipo de coisa.

O ego do garanhão sobe a mais de mil pés de altura. Mas ele precisa manter o teatro. Encerrar o ato com atuação magistral.

- Minha querida!! Eu disse pra ela que me deixe em paz. Dei um basta nessas atitudes dela.

Enquanto ele diz isso com um semblante todo sério, o narciso que há dentro dele repete sem parar, orgulhoso de um plano bem-sucedido.

- Ela me ama!

Mal sabe ele que, da mesma maneira que a confiança num namoro é feita de pequenas verdades, as mentiras pouco a pouco desgastam. Não são as grandes mancadas que acabam com os relacionamentos. São as mentiras bobas. Essas que a gente costuma achar que servem para apimentar a relação. Um dia os fatos inventados se transformam em verdade. Aí o parceiro (a), cansado (a), dá um basta. Afinal de contas ela não sabe que você mentiu todas as outras vezes. Acha que a pessoa te procurou pela enésima vez, quando na verdade foi a primeira. E que você não foi capaz de colocá-la no lugar dela. Não adianta mais reclamar. O cristal se quebrou.

O galã achou que colhia provas de amor. Na verdade ele semeava veneno no próprio jardim.