Tem dias que queremos ser "supers". Super-homem, super-filho, super-namorado, super-tudo. Solucionar todos os problemas e superar todas as expectativas. Mas hoje não estou a fim disso. Quero aproveitar meu resto de domingo e reconhecer minha condição de simples mortal. Fazer com que meu heroísmo se resuma em cortar as unhas dos pés, fazer a barba, ir à missa, e espremer os cravos da alma. Vou me conformar em contemplar minhas limitações, identificar minhas falhas.O espelho será meu iterlocutor. Talvez me fale sobre verdades escondidas, feridas camufladas, respostas indizíveis. É o que acontece quando se busca intimidade. Procura-se o que as palavras não dizem mas os atos denunciam.
É como se fosse um exame de consciência. Saber fazer bom uso da solidão. Sim. É exatamente isso: Aproveitar o tempo em que as pessoas nos abandonam entregues a nós mesmos e crescer. Crescer enquanto as pessoas se ocupam do ofício do egoísmo. Do excesso do amor próprio, que faz tão mal quanto a falta do amor. Crescer quando tudo converge para que a depressão se aloje, a tristeza encontre espaço, e a chateação se instale. Crescer com a consciência de que cada um de nós tem o "Eu". Uma ótima companhia quando se deixa conhecer.

