domingo, 29 de março de 2009

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Tem dias que queremos ser "supers". Super-homem, super-filho, super-namorado, super-tudo. Solucionar todos os problemas e superar todas as expectativas. Mas hoje não estou a fim disso. Quero aproveitar meu resto de domingo e reconhecer minha condição de simples mortal. Fazer com que meu heroísmo se resuma em cortar as unhas dos pés, fazer a barba, ir à missa, e espremer os cravos da alma. Vou me conformar em contemplar minhas limitações, identificar minhas falhas.
O espelho será meu iterlocutor. Talvez me fale sobre verdades escondidas, feridas camufladas, respostas indizíveis. É o que acontece quando se busca intimidade. Procura-se o que as palavras não dizem mas os atos denunciam.
É como se fosse um exame de consciência. Saber fazer bom uso da solidão. Sim. É exatamente isso: Aproveitar o tempo em que as pessoas nos abandonam entregues a nós mesmos e crescer. Crescer enquanto as pessoas se ocupam do ofício do egoísmo. Do excesso do amor próprio, que faz tão mal quanto a falta do amor. Crescer quando tudo converge para que a depressão se aloje, a tristeza encontre espaço, e a chateação se instale. Crescer com a consciência de que cada um de nós tem o "Eu". Uma ótima companhia quando se deixa conhecer.

2 comentários:

tarciso disse...

Fabiano. O homem é um ser anfíbio que não pode viver mergulhado em si mesmo e tampouco consegue viver o tempo todo no exterior de si. Esse equilíbrio entre vida interior e externa é o segredo do bem viver. A percepção de que existam estes dois compartimentos vitais que frequentamos é do alcance de uns poucos e já revela um sinal de amadurecimento e adequação em quem disso se dá conta - ainda que de vez em quando isso faça doer pra caramba...

manuh disse...

Às vezes, ou na maioria delas, ser o mais mortal dos homens requer mais despreza que ser o melhor dos heróis. O mundano corrói, destrói, se aproveita de você... Estar só, por sua vez... bom, eu também gosto. Mas a solidão, de vez em sempre, vem vestida de paz, felicidade, tranquilidade... e te pega desprevenido nas últimas horas de um domingo azedo.